Êxodo de cristãos na Síria: medo e incertezas marcam período de transição

Cerca de mil cristãos temem represálias de facções armadas que atuam no país

Terça, 28 de Janeiro de 2025

Márcia Pinheiro


Êxodo de cristãos na Síria: medo e incertezas marcam período de transição

Imagem: Ilustrativa / Freepik

Centenas de cristãos de Maaloula, no norte de Damasco, fugiram para áreas cristãs da capital devido ao medo de retaliações com a mudança de regime na Síria. Estima-se que entre 750 e mil pessoas buscaram refúgio, temendo represálias de facções armadas que atuam no país.

Histórico de conflitos aumenta insegurança

A instabilidade remonta ao início da guerra civil em 2011, quando Maaloula foi ocupada por tropas rebeldes e, posteriormente, retomada. Após a derrota rebelde, muçulmanos sunitas também foram expulsos da região. Agora, os cristãos temem sofrer o mesmo destino sob o novo regime.

Segundo fontes locais, ameaças recentes intensificaram o êxodo, mesmo em áreas próximas onde não há relatos de ataques. A transição política na Síria tem gerado preocupação entre minorias religiosas, que enfrentam dificuldades históricas para garantir segurança e direitos básicos.

Condições de vida no período de transição

Apesar da reabertura de escolas, lojas e bancos, a vida em Maaloula ainda está longe de voltar ao normal. A falta de policiamento e as restrições financeiras aumentam a tensão. Muitos pais têm mantido os filhos em casa, e há relatos de demissões injustificadas de cristãos em várias localidades.

“Todos enfrentam dificuldades financeiras. O governo não consegue pagar salários ou pensões regularmente, o que agrava a sensação de insegurança”, afirma uma jovem cristã local.

Comunidade cristã entre permanecer e partir

A incerteza tem levado muitos cristãos a considerarem deixar o país. “Queremos ficar, mas para onde iríamos?”, questiona uma residente. Apesar de discursos promissores das novas autoridades, a comunidade teme que conflitos internos possam desencadear uma nova guerra civil.

Igreja síria busca diálogo e reconstrução

Líderes cristãos têm participado de reuniões com as novas autoridades, defendendo igualdade e inclusão no processo de reconstrução do país. Patriarcas das maiores denominações cristãs expressaram otimismo cauteloso, pedindo união e compromisso com o diálogo para construir uma Síria mais justa.

Entretanto, cristãos de origem muçulmana permanecem vulneráveis, temendo ataques de grupos radicais durante o período de transição.

Síria e a perseguição religiosa

A Síria ocupa a 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, que monitora os países onde os cristãos enfrentam mais dificuldades. A comunidade cristã, que já foi um pilar importante na sociedade síria, luta para se manter resiliente em meio a desafios políticos, econômicos e sociais.