Centenas de cristãos de Maaloula, no norte de Damasco, fugiram para áreas cristãs da capital devido ao medo de retaliações com a mudança de regime na Síria. Estima-se que entre 750 e mil pessoas buscaram refúgio, temendo represálias de facções armadas que atuam no país.
Histórico de conflitos aumenta insegurança
A instabilidade remonta ao início da guerra civil em 2011, quando Maaloula foi ocupada por tropas rebeldes e, posteriormente, retomada. Após a derrota rebelde, muçulmanos sunitas também foram expulsos da região. Agora, os cristãos temem sofrer o mesmo destino sob o novo regime.
Segundo fontes locais, ameaças recentes intensificaram o êxodo, mesmo em áreas próximas onde não há relatos de ataques. A transição política na Síria tem gerado preocupação entre minorias religiosas, que enfrentam dificuldades históricas para garantir segurança e direitos básicos.
Condições de vida no período de transição
Apesar da reabertura de escolas, lojas e bancos, a vida em Maaloula ainda está longe de voltar ao normal. A falta de policiamento e as restrições financeiras aumentam a tensão. Muitos pais têm mantido os filhos em casa, e há relatos de demissões injustificadas de cristãos em várias localidades.
“Todos enfrentam dificuldades financeiras. O governo não consegue pagar salários ou pensões regularmente, o que agrava a sensação de insegurança”, afirma uma jovem cristã local.
Comunidade cristã entre permanecer e partir
A incerteza tem levado muitos cristãos a considerarem deixar o país. “Queremos ficar, mas para onde iríamos?”, questiona uma residente. Apesar de discursos promissores das novas autoridades, a comunidade teme que conflitos internos possam desencadear uma nova guerra civil.
Igreja síria busca diálogo e reconstrução
Líderes cristãos têm participado de reuniões com as novas autoridades, defendendo igualdade e inclusão no processo de reconstrução do país. Patriarcas das maiores denominações cristãs expressaram otimismo cauteloso, pedindo união e compromisso com o diálogo para construir uma Síria mais justa.
Entretanto, cristãos de origem muçulmana permanecem vulneráveis, temendo ataques de grupos radicais durante o período de transição.
Síria e a perseguição religiosa
A Síria ocupa a 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, que monitora os países onde os cristãos enfrentam mais dificuldades. A comunidade cristã, que já foi um pilar importante na sociedade síria, luta para se manter resiliente em meio a desafios políticos, econômicos e sociais.